domingo, 13 de janeiro de 2008

Vale a pena ler... Desventuras em série!

Desventuras em Série é a prova de que um livro infanto-juvenil pode ser genial. Sério. A série, composta de 13 livros e 170 capítulos, é uma verdadeira descoberta. E um daqueles livos que ninguém lê por puro preconceito. Não sabem o que estão perdendo...

*pode ler sem medo, esse post não contém spoilers*

A história dos completamente desventurados Violet, Klaus e Sunny Baudelaire começa na Praia de Sal, quando recebem a terrível notícia de que seus pais morreram num incêndio que destruiu a mansão da família. Começa então a peregrinação Baudelaire, que vão pulando de lar adotivo em lar adotivo ao mesmo tempo em que tentam escapar das garras do cruel conde Olaf, um ator suspeito que quer roubar a forturna das crianças. Okay, eu posso até ouvir vocês perguntando “mas que raio de história manjada! Que genialidade há numa coisa dessas?”. Oh, calma... O brilho de Desventuras em série está na narração de Lemony Snicket, que trabalhou numa composição altamente original palavra que aqui significa “realmente difícil de achar em outros livros infanto-juvenis”.

À medida que a história avança de Mau Começo (primeiro livro da história e consequentemente, o mais simples) o leitor começa a perceber que Lemony Snicket é um personagem, assim como os próprios Baudelaire. Declarando seu amor desmedido à misteriosa Beatrice, Lemony diz que tomou como missão contar a saga dos órfãos Baudelaire para que o grande público saiba o que realmente aconteceu com eles. Assim, uma outra história começa a se desenrolar ao mesmo tempo que a dos irmãos: a história de Lemony Snicket. Entre uma pausa e outra, o autor-narrador-personagem deixa pistas sobre o que lhe aconteceu, pedaços de uma outra história, que teve lugar muito antes da dos Baudelaire.

E Lemony Snicket não pára por aí. Num humor negro irônico e muitíssimo afiado ele faz reflexões sobre a natureza humana, sobre a linguagem literária e sobre quão os contos de fada são imbecis. rs Sem contar as pequenas referências que fazem um leitor mais maduro sorrir por dentro. Por exemplo, quando a pequena Sunny Baudelaire quer se referir a alguém que não parece homem nem mulher ela diz “Orlando!” e quando os órfãos vão parar num hospital, ficam sabendo de uma mulher internada que tinha um olhar vagando pela janela chamada Clarissa Dolloway. Existem referências a Edgar Allan Poe, T.S. Eliot, C.S.Lewis, um livro inteiro que salta o nome de Robert Frost e um de seus mais famosos poemas, “The road not taken”, e mais um punhado de outras coisas que colorem a história para os leitores mais velhos. (e que fazem os mais novos terem vontade de pesquisar)

As imagens construídas por Lemony durante a série também são inteligentíssimas (não vou comentar muito para não estragar a leitura de vocês), assim como seus pensamentos filosóficos. Exemplo: “O destino é como um restaurante. Garçons trazem o tempo todo coisas que você não pediu e que dificilmente irá gostar”. E posso dizer que o final da série, o volume 13, é um primor. Um dos fechamentos de série mais bonitos que já li, de uma sutileza impressionante.
Outro ponto a favor é a tradução, que preservou muito dignamente o estilo de Lemony Snicket e que deve ter batido muita cabeça a fim de manter o senso de humor dos livros e os trocadilhos.

Pois é, leia Desventuras em série. Entre no mundo dos Baudelaire, com suas organizações secretas, duelos de dentes contra espadas, de acontecimentos bizarros, de coisas impossíveis mas que se tornam possíveis. Não é porque é um livro fino destinado para crianças que é ruim e simples. Muito pelo contrário.




Desventuras em série ganhou filme em 2004. O filme é a síntese dos três primeiros livros e apesar de ter alguns problemas de adaptação como todos os filmes que nascem de livros, posso dizer que é muito bom. Ganhou um Oscar de melhor maquiagem, inclusive. E conta com a participação de nomes como Jim Carrey (na pele do vilão conde Olaf), Jude Law (como o narrador Lemony Snicket) e Merryl Strip (interpretando tia Josephine). A fotografia é belíssima assim como a trilha sonora.

Lemony Snicket prossegue em suas narrações desventuradas. No Brasil, foram lançados Lemony Snicket: autobiografia não-autorizada e As cartas de Beatrice. Todos eles envolvendo o mundo dos Baudelaire de alguma forma.

Para se ter uma noção interessante dos livros e do próprio Lemony, faça uma visita ao http://www.lemonysnicket.com/ (disponível em inglês).








Um comentário:

Anônimo disse...

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