terça-feira, 31 de julho de 2007

Jo

Hoje faz 42 anos que nasceu, nos arredores de Bristol (Yate, Gloucestershire), a primeira filha do casal Peter Rowling e Anne Volant. O nome de batismo foi simples: Joanne, apenas. Algumas décadas mais tarde, e ela viria a pedir emprestada a inicial da avó, Kathleen. E o sobrenome, que ela não gostava quando era mais nova porque rendia piadinhas to tipo "Rowling Stones" e "Rowling Pin", iria tornar-se sinônimo de sucesso.

Jo - como gosta de ser chamada - era uma criança normal, que gostava de brincar nas escadas com sua irmã mais nova, Dianne, e que apesar de demonstrar desde cedo algum interesse pela escrita - de vez em quando se dedicava a histórias protaganizadas, principalmente, por animais - não deixava de ser absolutamente comum. Detestou algumas escolas em que estudou e brigava com a irmã mais nova para logo depois fazer as pazes e inventar novas brincadeiras do tipo role play. Rowling ainda diz em seu site que Di era mais bonita, então todos decidiram que ela, Joanne, deveria ser a mais inteligente. Mas Jo afirma que durante muitos anos desejou poder ser mais atraente e Di fez de tudo para provar que não era só um rostinho bonito. Ninguém é satisfeito com o que tem, não?

Já na adolescência, tomou por heroína Jessica Mitford, usava maquiagem preta nos olhos e tinha como bandas favoritas os Smiths e o The Clash. Foi uma bênção quando conheceu em Chepstow (uma cidade em Wales, para onde havia se mudado com os pais) Sean Harris, dono de um Ford Anglia turquesa. O carro era uma verdadeira liberdade para dois jovens amigos que viviam numa cidadezinha muito monótona. E foi para esse Sean que Rowling contou sua maior ambição: a de se tornar escritora. Como um bom amigo, ele a incentivou. (Abençoado seja Sean Harris!)

Em 1983, foi para Universidade de Exeter, no sul da Inglaterra estudar Língua Francesa. Jo assume que esse foi um grande erro, pois lhe teria sido muito mais útil uma formação em Inglês. Ela cedeu à pressão dos pais, que diziam que era mais proveitoso estudar francês. "Mas pelo menos estudar francês significou que eu vivi um ano em Paris como parte do meu curso" - diz ela.

O primeiro trabalho de Rowling foi na Anistia Internacional, em Londres. Mas ela e o namorado de então decidiram se mudar para Manchestar e foi numa dessas viagens Manchester-Londres que um certo menino bruxo chamado Harry, apareceu em sua mente. Joanne não tinha caneta para escrever, então passou o resto da viagem desenvolvendo mentalmente todos os pontos da história. Quando chegou em casa à noite, escreveu furiosamente. As idéias foram lhe brotando na cabeça e a história se desenvolvendo. No entanto, em dezembro daquele ano (1990) a mãe de Jo, Anne, morreu vítima de esclerose múltipla.

Rowling afirma que sua morte afetou profundamente sua escrita. A dor e o sentimento de seu recém-criado personagem, Harry, com relação aos pais mortos agora eram mais reais. Desde então, o tema central da série Harry Potter passou a ser a morte. A relação das pessoas com a morte, as consequências da morte, o medo da morte. Recentemente, Jo lamentou o fato de nunca ter contado para a mãe sobre Harry Potter.

Precisando de um tempo para colocar a mente e os sentimentos em ordem, Joanne foi para Portugal ensinar inglês como língua estrangeira. Ela imaginava que voltaria para Inglaterra com seu livro terminado, mas voltou com uma filha. Jessica Rowling Arantes nasceu no meio do ano de 1993. Rowling havia se casado com um jornalista português, mas o casamento não durou até dezembro. Com uma filha de colo, ela foi embora (ou expulsa, depende da versão da história) para Edimburgo, onde morava sua irmã.

Mesmo vivendo com ajuda do auxílio-desemprego e tendo de cuidar de uma filha pequena, Jo não parou de escrever. Ela dedicava suas noites na infindável tarefa de terminar Harry Potter e a Pedra Filosofal. Durante o dia, quando levava Jessica para dar um passeio e a menina dormia, ela entrava no café mais próximo e escrevia energicamente. Quando o livro ficou pronto, ela enviou os três primeiros capítulos para algumas agências. Várias versões voltaram. Então, a Bloomsbury - uma pequena editora, na época - fez uma oferta. O resto é história.

O que mais me admira em Rowling, não é o bilhão de dólares que ela tem em sua conta, não é a boa crítica em cima dela nem a fama. O que me faz contar e recontar a história dessa mulher a cada vez que alguém me pergunta (e até quando não pergunta) é o fato de que ela fez uma coisa boa. Uma coisa marcante. Ao invés de se sentar em seu apartamento e se desesperar enquanto cuidava da filha; ao invés de surtar; ao invés de chorar a perda da mãe e a falência de seu casamento; ao invés de ficar com raiva do mundo e da droga da vida injusta, ela fez uma coisa boa. Obviamente que sua escrita era uma espécie de fuga. Era um mundo que ela mesma criara, e apesar de não ser o mundo perfeito, naquele mundo Rowling podia ser ela mesma. Escrevendo não dá pra mentir. Mas mesmo sendo fuga, ela queria fazer alguma coisa. Não era só uma questão de "bem, to mal, vou viajar na maionese um pouco"; ela acreditava no que fazia. Claro que não esperava a súbita fama e dinheiro, mas sabia que Harry Potter - aquela história que martelava o tempo todo em sua cabeça - era uma coisa boa. E ela quis mandar esse bem para o mundo. Quis que fosse publicado, mesmo com apenas 1,000 cópias iniciais.

Com tanto lixo nesse mundo eu realmente fico feliz ao ver que alguém como Jo conseguiu espalhar com estrondoso sucesso um livro recheado de temas como amizade, consciência, fidelidade e amor. Por que essas coisas não colam hoje em dia, não? É fora de moda. Mas em Harry Potter, Jo reformatou todos esses valores e os transmitiu a milhões de pessoas no mundo inteiro! Ela fez essas pessoas rirem, chorarem, torcerem, repensarem suas vidas. E ainda dizem que é só a história de um bruxo? Só para quem não abre a cabeça um pouquinho para entender o que há por trás das capas, caldeirões e varinhas! A fantasia não é real? Então como uma mulher real, enfrentando graves problemas emocionais e financeiros reais conseguiu esquecer do mundo real em que vivia para escrever um livro que seria puramente ficção? A imaginação dela é realmente grande, mas não tão grande a ponto de não refletir influências reais. Porque conflitos existenciais sempre existirão por aí, porque sempre haverá no mundo necessidade de amor para vencer os problemas, porque a morte paira sob todos nós mesmo que não seja sob a forma de Avada Kedrava, porque é simplesmente impossível negar que aqueles personagens - que fazem feitiços e voam em vassouras - não sejam irresistivelmente parecidos com nós mesmos.

Eu admiro Jo por ter sempre acredito em sua história, por tê-la escrito da forma como a concebeu naquela viagem de trem Manchester-Londres... Eu admiro Jo por ter feito pessoas gostarem de ler, por ter incentivado a pesquisa e as outras formas de literatura. Eu admiro Jo por não ter dado a cara a bater, por não ter sucumbido à fama e por ser tão sem graça com os jornalistas mexeriqueiros. Eu admiro a Jo por não fazer nada a não ser rir quando sai matérias sobre ela no The Sun e por tratar tão bem e respeitosamente seus fãs, espalhados pelo mundo inteiro. Eu admiro Jo por seu trabalho junto a instituições de caridade e por sua contribuição financeira no desenvolvimento da pesquisa para cura de doenças como a esclerose múltipla. Eu admiro Jo por ser uma mãe dedicada. Eu admiro Jo por nunca ter tratado seus fãs com ar de superioridade, por responder educadamente a cada pergunta, por dividir conosco alguns de seus pensamentos e principalmente, por nunca ter subestimado a nossa inteligência. Ela sempre nos tratou de igual pra igual. Eu admiro Jo por ser uma escritora de talento e por ter espalhado uma mensagem tão bonita através de seus livros. E finalmente, eu admiro Jo por ter me feito acreditar nesses livros, por ter me feito crescer com eles, aprender com eles. Por ter feito Harry Potter ser uma parte tão importante da minha vida.

Eu desejo a Jo o melhor aniversário que ela puder ter, toda a felicidade que ela puder encontrar e todo o amor que ela puder alojar em seu coração!

Draco dormiens nunquam titilandus.



J.K.Rowling tem a Ordem do Império Britânico, um honorário na Universidade de Exeter, um honorário da Universidade de Aberdeen por suas inúmeros contribuições à sociedade e é considerada a maior escritora britânica viva pela The Book Magazine.

Atualmente tem residência em Edimburgo, em Londres e em Alberfeldy; todas elas avaliadas em alguns milhões. Ela é casada com o anestesista Neil Murray e teve mais dois filhos: David e Mackenzie. Ela se julga uma pessoa de sorte e muito feliz com a família que tem.

Todas as informações desse post foram retiradas de jkrowling.com e a confirmação dos prêmios, da Wikipedia.






2 comentários:

Anônimo disse...

Aiaiaiai...
Eu ainda não sei pq vc ainda precisa da minha opinião, você sabe que seus textos são ótimos! rsrsrs!
Um dia você vai ser como a "Jo", uma grande ecritora! Mas não vai se esquecer da sua irmã, hein???
beijos!

Anônimo disse...

Ha, eu já conheço esssa história de trás pra frente, então nem preciso falar que adoro. Dá até esperança de virar gente algum dia, sabe...

Mas enfim, um dia talvez as pessoas entendam a grandiosidade da tia Jô. Ela sabe fazer personagens que vão além do papel, e não é qualquer um que é capaz disso. Tem que ter muita vida pra criar outras apenas com a própria imaginação, sabe?

Depois de ler Deathly Hallows, eu sinto que sei tão pouco sobre ela. E nós somos potterianas! Imagina como o resto do mundo está atrasado, então?